sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Ensino a Distância rebaixa qualidade da educação no país

A maioria dos alunos que cursam essa modalidade de ensino é constituída por pessoas com baixo poder aquisitivo

Por Lúcia Rodrigues

Um em cada cinco estudantes universitários brasileiros está matriculado em cursos de Educação a distância (EAD) no país. A nova modalidade educacional surgiu no final da década de 1990, mas foi nos anos 2000 que esse formato de curso ganhou projeção.

O número de vagas oferecidas por empresas educacionais aumentou exponencialmente nesse período. Em 2000 eram 5.287 alunos matriculados em graduações a distância, em 2009 o total de universitários inscritos saltou para 838.125.

O último dado oficial sobre o número de alunos matriculados nesse tipo de formato é o do Censo da Educação Superior de 2009. Mas a rapidez com que os cursos de educação a distância se dinamizaram no país leva a crer que, hoje, a cifra já ultrapassou a casa de um milhão de estudantes matriculados em graduações oferecidas nessa modalidade.

Aparentemente democrática por ampliar o acesso à educação superior para um maior número de estudantes, a medida embute, na verdade, um forte componente ideológico. Cria no estudante a ilusão de que a qualificação garantirá o exercício pleno da profissão escolhida.

Mascara a ausência de políticas efetivas dos governos federal e estaduais para suprir em quantidade satisfatória a falta de vagas presenciais em instituições públicas do país. Escamoteia o problema central e desencadeia outro seríssimo ao facilitar o rebaixamento na qualidade do ensino dos cursos oferecidos a distância.

Na verdade, o ensino a distância foi o formato encontrado pelos governantes para diplomar pobres em massa e responder as metas educacionais impostas por organismos internacionais como o Banco Mundial e a Organização Mundial do Comércio, a OMC.

Por isso, a garantia da qualidade dos cursos de graduação a distância não é a preocupação central desses dirigentes. Ao invés de investirem pesadamente na expansão de vagas em instituições públicas presenciais, enaltecem o “caráter democrático” desse modelo educacional que permite a um número expressivo de estudantes cursarem uma faculdade privada a distância.

Clique aqui e veja a matéria completa.

FONTE: Revista Caros Amigos.

4 comentários:

  1. Com a palavra, o diretor-executivo do programa de educação à distância da Fundação Getúlio Vargas, em resposta ao Editorial da "Folha de São Paulo" do último dia 10:

    "Carta aos editores

    Venho, por meio desta, expressar minha perplexidade diante do editorial "Muito a aprender", publicado neste veículo no dia 10 de novembro de 2011. Como diretor executivo do programa de educação a distância de uma das mais importantes e renomadas instituições de ensino do Brasil e do mundo, a Fundação Getulio Vargas, e na qualidade de vice-presidente da Associação Brasileira de Educação a Distância (ABED), causou-me profundo espanto ler, em um jornal reconhecido por sua seriedade, uma generalização totalmente inadequada e desinformada sobre a qualidade da educação a distância no país.

    Quando o editorial afirma que "a questão da qualidade costuma ser ainda mais precária" na modalidade conhecida como EAD, o veículo perde a oportunidade de desfazer mitos e esclarecer enganos históricos sobre as diretrizes e os padrões que guiam a oferta de cursos a distância no Brasil. Ignorando um dado importantíssimo - o resultado superior obtido pelos alunos da EAD no Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade), em relação aos estudantes de cursos presenciais, conforme levantamento apresentado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) em 2007 - a Folha de São Paulo contribui para reforçar erros conceituais que ainda fazem do ensino a distância um alvo preferencial de críticas equivocadas e preconceitos quando o tema da educação superior está em discussão.

    O veículo ignora, também, o papel primordial da EAD na democratização do ensino de qualidade em um país de proporções continentais, em que ainda persistem - apesar de todos os esforços empreendidos nas últimas duas décadas - deficiências no que diz respeito às políticas voltadas para educação e qualificação profissional. Bastaria um olhar despido de noções pré-concebidas para tomar conhecimento, por exemplo, do alcance exemplar da EAD em áreas historicamente carentes de instituições de ensino presencial de qualidade, nas regiões Norte e Nordeste do país - reconhecidamente, pelo sistema Universidade Aberta do Brasil (UAB), programa que reúne universidades públicas de todo o país, voltado para a interiorização da educação superior por meio da EAD, e que atende, primordialmente, professores, dirigentes, gestores e trabalhadores do ensino básico dos estados, municípios e do Distrito Federal, além do público em geral.

    A questão da qualidade da educação no Brasil não pode ser transformada em uma guerra entre modalidades, especialmente em um momento em que ensino presencial e ensino a distância têm, cada vez mais, caminhado em conjunto, complementando um ao outro e ampliando o alcance da oferta de conteúdos educacionais. Quando a discussão toma esse perigoso rumo, ela ocorre às custas e em prejuízo de um importante e urgente debate sobre o atual cenário vivido pelo Brasil: o do apagão de mão de obra, tornado cada vez mais evidente pelos programas de melhoria de infraestrutura do país com vistas aos grandes eventos esportivos que iremos sediar nos próximos anos. Em um momento especialmente delicado e decisivo para nosso desenvolvimento como nação, a qualidade da educação deve ser pensada sem bandeiras ou ideologias, para que não ignoremos o fato de que instituições e ensino precários são males universais, que não atingem preferencialmente esta ou aquela modalidade de educação.

    Stavros Panagiotis Xanthopoylos

    Diretor Executivo do FGV Online e Vice-Presidente da ABED"


    Link: http://www.sidneyrezende.com/noticia/152608

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  2. Quando li a matéria tive a mesma perplexidade. Parabéns ao Dr. Stavros pela resposta.

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    1. Acreditamos que tal preconceito é decorrente do desconhecimento da modalidade em EaD, uma resistência ao novo ao desconhecido e, não podemos deixar de considerar também a falta de uma formação adequada dos professores universitário que assumem a modalidade EaD. Muitas vezes, são eles próprios que desvalorizam o curso frente aos seus alunos. Em uma pesquisa qwue realizei para a produção de um artigo científico,colhemos a opinião de um professor que se manifestou da seguinte forma:...eu preferia a modalidade presencial mas, fazer o que? Tenho que garantir meu salário no fim do mês. Assim aceito as disciplinas de segunda linha...
      Creio que o debate está posto nesse momento em que a modalidade EaD está tão em evidência.Mas considero precipitado qualquer forma de desqualificação precipitada e também da generalização que o artigo postado tráz.

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  3. Acreditamos que tal preconceito é decorrente do desconhecimento da modalidade em EaD, uma resistência ao novo ao desconhecido e, não podemos deixar de considerar também a falta de uma formação adequada dos professores universitário que assumem a modalidade EaD. Muitas vezes, são eles próprios que desvalorizam o curso frente aos seus alunos. Em uma pesquisa qwue realizei para a produção de um artigo científico,colhemos a opinião de um professor que se manifestou da seguinte forma:...eu preferia a modalidade presencial mas, fazer o que? Tenho que garantir meu salário no fim do mês. Assim aceito as disciplinas de segunda linha...
    Creio que o debate está posto nesse momento em que a modalidade EaD está tão em evidência.Mas considero precipitado qualquer forma de desqualificação precipitada e também da generalização que o artigo postado tráz.

    30 de julho de 2012 13:12

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